A Caminha Da Horta, Fotos De: Paulo Amores Março /2013 |
POEMA
Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido
Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido
Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido
o bosque
mais bruma do que neve no tecido
Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo
verso a verso primeiro
em cada desabrigo
Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido
sagaz
um lobo faminto e recolhido
Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído
que da luz é a noz
e depois o ruído
Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho
Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho
consigo o luar
com vestido de arminho
Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido
À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo
" Maria Teresa Horta "
Origem do texto: Poema.
A caminho da horta.
Lagos, Portugal
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